Editorial
Quando a TV imita a realidade
Se apenas ouvir ou ler sobre um caso de importunação sexual já causa repulsa, o que dirá ver o ato em si. E quando isso ocorre em um programa de televisão aberta, visto por dezenas de milhões de pessoas no País inteiro - e outros tantos milhões pelas redes sociais - torna tudo ainda mais assustador. Pois foi exatamente o que aconteceu na madrugada desta quinta-feira (16), durante uma festa do Big Brother Brasil 23, o principal reality show da Rede Globo.
A vítima foi a mexicana Dania Mendez, que participava da atração global como convidada. Ela fez parte de um intercâmbio entre o BBB e o La Casa de Los Famosos, do canal Telemundo, do México. Em seu primeiro dia no reality brasileiro, menos de 12 horas após sua entrada na casa mais vigiada do Brasil, Dania começou a sofrer abusos dos participantes MC Guimê e Antônio “Cara de Sapato”. O fato gerou uma grande revolta nas redes sociais e na noite do mesmo dia, durante o programa ao vivo, a emissora tratou de eliminar os dois participantes. Agora, a Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso.
Ao ver as imagens, o primeiro pensamento - após o sentimento de repulsa - é lembrar que se isso acontece em um programa de televisão, percebe-se o quão dura é a realidade vivida por mulheres longe dos olhos dos outros. Uma matéria publicada pelo Diário Popular em fevereiro deste ano informou que, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), houve 76 registros de ameaças, 85 agressões, seis estupros e um feminicídio no Rio Grande do Sul. E tudo isso apenas em janeiro de 2023.
Em mais uma tentativa de coibir a violência de gênero, Pelotas inaugurou nesta sexta-feira (17) a nova sede do Centro de Referência no Atendimento à Mulher em Situação de Violência Professora Cláudia Pinho Hartleben. No local, serão atendidos casos de violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial.
Que esse caso ocorrido nos estúdios da Globo sirva para que a sociedade como um todo se mobilize para combater a cultura do assédio, que ainda está muito presente ao nosso redor. É preciso que homens e mulheres se unam para construir uma sociedade de respeito e igualdade de gênero, em que a violência sexual não tenha lugar.
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